quarta-feira, 20 de abril de 2011

Obras Ruins

Após minha última postagem, refleti um pouco mais e resolvi esclarecer alguns pontos... Quando me refiro a obras realmentes ruins, elas realmente o são. Existem as obras passáveis, existem obras boas e existem as obras "primas". Muitos escritores de Best Sellers conseguem manter uma certa coerência textual o que faz de seus livros passáveis, pelo menos. Alguns escritores em início de carreira tentam desenvolver uma narrativa consistente e ao mesmo tempo trabalhar a estética do texto, muitas vezes produzem obras boas, embora desconhecidas e que dificilmente irão romper a barreira para que a obra seja divulgada nacionalmente, apesar da facilidade da internet. Obras ruins quebram a consistência do texto, não dão segurança ao novo e dão a impressão de serem mal escritas... Dois exemplos simples dessa quebra de coerência textual:

1 - A mudança do foco narrativo: de 1a pra 3a pessoa ou vice versa. É um recurso que alguns escritores utilizaram de maneira fantástica, mas um recurso perigoso pois pode dar a impressão de que o escritor "esqueceu" como o texto estava sendo escrito, aí teremos a impressão do texto ser mal escrito;

2 - A incoerência na linguagem do personagem: se temos um texto narrado em 1a pessoa ou diálogos, precisam ter uma coerência de linguagem, ou algo que dê segurança para que seja utilizado determinado linguajar, algo na história do personagem, na época da história ou qualquer outra coisa que possa dar essa impressão. Se temos um adolescente mediano, que, detestando a escola, se utiliza de uma linguagem culta, cheia de palavras "velhas" ou permeada de mesóclises (observar-se-ia), temos uma incoerência que vai denotar em um texto mal escrito.

Uma questão interessante é que os livros publicados por grandes editoras passam por um rigoroso processo de revisão, onde algumas incoerências como essas são apontadas e corrigidas e o texto reescrito, o que muitas vezes tornam obras ruins em obras passáveis. Mesmo assim quase sempre podemos notar algo que passa despercebido pelo revisor.


Em tempo: sei que tenho sido meio ácido, ultimamente, por aqui, mas logo colocarei alguns posts sem "reclamações"... =)

terça-feira, 19 de abril de 2011

Minha atual intolerância...

Acho que estou ficando ranzinza com a idade... não... não diria ranzinza, mas intolerante. Ao mesmo tempo em que adquiro a paciência de cultivar uma planta, preparar uma bebida que demora 40 dias a ficar pronta ou não desanimar diante de um projeto que dará fruto em três ou quatro anos, me tornei intolerante a certas coisas.
Quem assiste de 10 a 20 filmes por semana, com certeza assistirá a alguns que não são tão bons. Mas há alguns dias fiz algo que nunca antes havia feito: Parei de assistir ao filme e dei um jeito de tirá-lo de minha existência. Me tornei intolerante a filmes ruins, quase alérgico.
O mesmo está acontecendo comigo quanto a livros. Em minha adolescência, além das atividades normais para a idade, lia semanalmente a média anual do brasileiro. Era freqüentador assíduo de pelo menos três diferentes bibliotecas e não fazia questão de assuntos ou autores. Lia de tudo. E sempre me deparei com livros que, por falta de maturidade intelectual, deixava pra uma leitura posterior. Brás Cubas foi um desses cuja leitura posterguei ano a ano até que, sabedor de mais mitologias, passei o delírio e o restante do livro fluiu. Mas nunca tive vontade de abandonar um livro... até agora...
Há coisa de um mês andei expressando algo sobre a qualidade da produção artística nesses tempos. E tenho encontrado coisas que me deixam boquiaberto.
Na arte narrativa, seja cinema, teatro ou literatura, precisamos de duas coisas pra dar a uma obra o que ela precisa pra assim ser chamada: uma boa história e uma maneira especial de ser contada. Não necessariamente as duas coisas. Podemos contar um fato simples e corriqueiro de uma maneira especial, ou contar uma história maravilhosa de uma forma simples e direta. Se a obra reunir os dois elementos, temos o que poderia ser chamado de obra "prima". Querem um exemplo? O Falecido Mattia Pascal de Luigi Pirandello. Uma história fantástica contada de maneira bastante singular.
Mas tenho me deparado com livros que são um desperdício de papel. Sem história e sem a graça narrativa necessária. Acho que estou ficando alérgico a esse tipo de coisa...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Ócio


Muito já se falou sobre o ócio e, nesse texto, não quero discorrer e teorizar mais sobre esse que pode ser um mal ou uma benção ao homem. Vou, sim, escrever uma espécie de relato, uma constatação, ou melhor, descrever minha relação com o ócio.

Passei, recentemente, da situação de não ter tempo algum para a situação de ter algum tempo. Posso, durante duas tardes e duas manhãs, sem contar os domingos, semanalmente me dedicar ao Dolce Far Niente. Na verdade não um dolce far niente, pois ainda não me acostumei novamente ao nada fazer, mas sim um tempo que posso deixar minha mente vagar de um canto ao outro, de uma estante à outra, de um vídeo ao outro, permanecer em todo e nenhum lugar ao mesmo tempo.

Esse meu tempo sem compromissos é de total atividade, entre leituras, reflexões e criação. Leitura em um sentido amplo, se extendendo a todos os sentidos, posso me permitir a explorar um livro assim como explorar um filme, rever e pesquisar, procurar o conhecimento. Reflexão pois essa é necessária para que não caia no embuste do excesso de informação. E criação pois isso é uma necessidade pessoal, algo que faz parte de mim e há muito estava deixado de lado.

Nesse sentido o ócio é, para mim, não só algo benéfico, mas essencial, assim como o ar que não posso deixar de respirar.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Algo do passado...

Não posso dizer que conheço os primórdios da internet. Nunca usei um BBS (Bulletin Board System), mas peguei a época do IRC (Internet Relay Chat) e usei internet discada. Já passei um final de semana inteiro tentando fazer download de um arquivo de 10 MB. Peguei o lançamento das conexões gratuitas e transportei muito arquivo em disquetes de 1.4 MB. Ficava feliz em ver uma taxa de download de 5 kbps.

Disso não tenho muita saudade. Mas algumas coisas me fazem falta... Quando participava das micronações e entrava em acirrados e intermináveis debates diplomáticos, a participação em Newsgroups e em grupos de emails. Cheguei a fazer parte do antigo E-group antes de ser incorporado pela Yahoo. Cheguei a ter uma página no HPG (Tertúlia, sobre literatura) e no antigo Geocities com seus endereços intermináveis, ambas feitas no bloco de notas, design tosco mas orgulhosamente digitado cada caracter do código fonte.

Uma das coisas que hoje me faz mais falta era a participação de um grupo de email cujo nome era simples: "poesia". Um grupo que ultrapassa a centena de membros e diariamente trocávamos contos, crônicas ou poesias de própria lavra ou de autores já consagrados. Era um grupo inspirador, onde recuperei contato com um antigo professor e hoje amigo, onde nos apoiávamos e criticávamos (a boa crítica) a tentativa, bem sucedida ou não, de expressar em versos nossos pensamentos, sentimentos ou ideais.

Era uma virtualidade que aproximava, onde descarregávamos um dia estressante de trabalho ou estudo, e compartilhávamos momentos de nossa vida no mundo real, com suas agruras e felicidades. Desejamos muitos votos de felicidade e comemoramos alguns casamentos e nascimentos. Passamos também por momentos de tristeza e tensão, mas era um grupo do qual hoje me lembro e me traz um sorriso nostálgico enquanto escrevo essas linhas.

Me pergunto: existe ainda esse grupo? Há certas coisas do passado que vale à pena recuperar. Vou terminar este post e com certeza vou verificar se minha antiga conta do yahoo (deve completar 13 anos agora em 2011) ainda está ativa e se esse grupo ainda funciona...

domingo, 10 de abril de 2011

The Secret of Kells

Aprendi uma coisa no teatro: existe a história e existe a arte, e um bom ator pode transformar uma bula de remédio em poesia ou causar risos na platéia. Isso se aplica a todos segmentos artísticos onde existe a narração: existe a história e a maneira de contar, que transforma uma história simples em uma obra de arte.

Não me interessei muito a princípio quando comecei a assistir à animação The Secret of Kells (2009), uma história bastante simples e uma animação aparentemente mal feita, parecida com animações dos anos 70. Com o decorrer da história, no entanto percebi o que é o segredo de Kells.


Em uma produção conjunta entre Irlanda, França e Bélgica (mencionam um estúdio brasileiro nos créditos) e outros países, essa animação conta a história de Brendam, um garoto que vive com seu Tio em um monastério que está em uma zona de risco de ataque por parte dos Vikings. Nesse monastério os monges têm duas ocupações: copiar livros e desenhar iluminuras e construir a muralha que esperam conter o ataque iminente dos Vikings. Até então já havia percebido que o desenho e animação era mais do que aparentava e neste ponto fica evidente que o desenho reproduz o estilo das antigas iluminuras monásticas, mesclando muitos elementos novos.

Com a chegada de Aidam, trazendo um famoso livro incompleto, Brendam então começa algumas incursões fora das muralhas do mosteiro, onde aprende mais com "as árvores e rochas" do que com qualquer livro, e conhece Aisling, uma menina fada que o ajuda em sua jornada pela descoberta de um novo mundo. O filme mescla a cultura monástica da iluminura com elementos pagãos, sem nenhum tipo de julgamento de valores, e essa mistura fica evidente no enredo, nos desenhos e mesmo na trilha sonora.


O que posso dizer é que The Secret of Kells, em sua simplicidade, me empolgou como muitos filmes e animações não têm feito ultimamente.

http://www.thesecretofkells.com

domingo, 3 de abril de 2011

Como a tecnologia mudou minha vida?

O que vou colocar aqui é uma visão um tanto personalista, mas com certeza aqueles que, como eu, viveram na era pré-internet e souberam como se aproveitar das inovações tecnológicas, não só irão concordar como também podem acrescentar alguns itens a essa lista:

- Não preciso mais esperar os telejornais pra assistir a reportagens interessantes;
- Não preciso mais assinar revistas e jornais pra ler as notícias todas as manhãs, não preciso nem mesmo esperar o outro dia para ler as notícias;
- posso me comunicar a longas distâncias, em áudio e vídeo, ou mesmo por texto, a um custo baixíssimo;
- Não preciso aguentar apresentadores de programas de domingo falando besteira no meu ouvido durante horas pra aproveitar alguns minutos de riso ao assistir a alguns vídeos engraçados;
- Não preciso gastar o valor de um carro pra ter uma enciclopédia na estante e assim poder sanar pequenas dúvidas, sobre qualquer possível assunto, que venham à minha cabeça durante uma leitura, um filme ou em meio à madrugada;

Claro que a tecnologia também traz mudanças de aspecto negativo, como aquelas pessoas que depois que descobriram o Orkut, passam horas a vasculhar os profiles de conhecidos pra ficar por dentro de cada fofoca, ou criar novas, ou mesmo a possibilidade de desperdiçar horas em novas high-tech atividades fúteis , mas isso acontecia antes também...

Retomando velhos hábitos e me tornando um novo homem...

Essa frase me veio à cabeça há algum tempo e comecei a refletir sobre ela. A idéia de que o hábito faz o homem é antiga. Comecei então a pensar em velhos hábitos que tornavam minha vida não só mais interessante como também me levaram a ser o que hoje sou. Muitos desses hábitos deixei à parte por um bom tempo... hábitos como escrever, algo que recentemente sinto despertar novamente; ler artigos sobre literatura, uma de minhas paixões, tenho negligenciado a literatura por um bom tempo, e não vale à pena viver uma vida sem paixão; atuar, Ah!, o teatro, minhas atuações têm sido somente pequenas improvisações com fins didáticos durante as aulas; ler os clássicos, minhas leituras têm sido somente entretenimento barato, aprendendo e pensando pouco durante a leitura, a boa literatura me faz falta; recitar poesia, afinal, o cotidiano precisa de alguma poesia; me envolver e discutir com paixão, ultimamente tenho adotado o posicionamento dos filósofos pré-marxistas, não estou mudando o mundo, somente analisando e, o que é o pior de minha atitude, me calando ....
Esses foram alguns exemplos, há muito mais o que retomar, há muito a deixar definitivamente nesse passado não muito distante, mas creio que retornar a esse Blog é uma maneira de começar a retomar alguns de meus velhos hábitos, o primeiro passo de uma jornada que deixei de percorrer. O que esperar desse blog? Tudo e nada, vou escrever e postar sobre o que tenho interesse, não me vou restringir a algum assunto ou temática, simplesmente escrever e postar...