terça-feira, 19 de abril de 2011

Minha atual intolerância...

Acho que estou ficando ranzinza com a idade... não... não diria ranzinza, mas intolerante. Ao mesmo tempo em que adquiro a paciência de cultivar uma planta, preparar uma bebida que demora 40 dias a ficar pronta ou não desanimar diante de um projeto que dará fruto em três ou quatro anos, me tornei intolerante a certas coisas.
Quem assiste de 10 a 20 filmes por semana, com certeza assistirá a alguns que não são tão bons. Mas há alguns dias fiz algo que nunca antes havia feito: Parei de assistir ao filme e dei um jeito de tirá-lo de minha existência. Me tornei intolerante a filmes ruins, quase alérgico.
O mesmo está acontecendo comigo quanto a livros. Em minha adolescência, além das atividades normais para a idade, lia semanalmente a média anual do brasileiro. Era freqüentador assíduo de pelo menos três diferentes bibliotecas e não fazia questão de assuntos ou autores. Lia de tudo. E sempre me deparei com livros que, por falta de maturidade intelectual, deixava pra uma leitura posterior. Brás Cubas foi um desses cuja leitura posterguei ano a ano até que, sabedor de mais mitologias, passei o delírio e o restante do livro fluiu. Mas nunca tive vontade de abandonar um livro... até agora...
Há coisa de um mês andei expressando algo sobre a qualidade da produção artística nesses tempos. E tenho encontrado coisas que me deixam boquiaberto.
Na arte narrativa, seja cinema, teatro ou literatura, precisamos de duas coisas pra dar a uma obra o que ela precisa pra assim ser chamada: uma boa história e uma maneira especial de ser contada. Não necessariamente as duas coisas. Podemos contar um fato simples e corriqueiro de uma maneira especial, ou contar uma história maravilhosa de uma forma simples e direta. Se a obra reunir os dois elementos, temos o que poderia ser chamado de obra "prima". Querem um exemplo? O Falecido Mattia Pascal de Luigi Pirandello. Uma história fantástica contada de maneira bastante singular.
Mas tenho me deparado com livros que são um desperdício de papel. Sem história e sem a graça narrativa necessária. Acho que estou ficando alérgico a esse tipo de coisa...

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